Eu me desfiz.
Eu abracei o medo e me despi... voltei pra casa sangrando, com feridas abertas, dilacerada, onde havia gelo o calor fez queimar, até que eu estava em chamas.
Eu não pude ver, permaneci cega, no escuro, onde deveria estar, deveria permanecer... agora há luz demais, me mostrando o tempo todo a razão desses pedaços de mim espalhados pelo chão...
Eu não sei ao certo a razão de ter voltado, de ter estado mesmo naquele lugar tão familiar, mas era pra ser dessa maneira, a mais dolorosa, a maneira ideal.
Era pra acontecer, o primeiro contato... só havia saudade, depois disso a culpa, a minha culpa, "por que?" POR QUE EU MERECI SER FELIZ? E eu quis reparar toda a dor que causei, mesmo tentando não causar... eu quis suturar, recompor, te refazer.
Te refazendo eu quase me perco, para sempre.
Sem saber... sem notar, eu estava de volta ao jogo, aquele em que você sempre ganha, sempre atropela sentimentos e dores e lágrimas e saudades e desesperos alheios, nada te pertence, você não é capaz de sentir, se entrega a toda a escuridão que vive em você, me desmembrando, me rasgando, expondo ossos e arrancando de mim, a paz, me levando pra longe de mim.
Você não foi bom o suficiente, sinto como se tivesse sido unilateral o tempo todo, eu sempre me destruindo um pouco pra ser, pra seguir, dar, prover, mostrar... talvez não o tempo todo, mas...
Me apaga, com calma.
Que essa paz que eu sentia me encontre e me traga de volta.
Que essas feridas cicatrizem, que eu me sinta inteira, intocada, que o mundo faça sentido.
Que eu possa amar, sentir com honestidade, enxergar sem sombras.
Nas tuas mãos.
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