segunda-feira, abril 13, 2009

Ciúme

Um toque, um olhar, uma esquina talvez, uma rua que te leva pra tão longe, tão longe de mim.
Novos personagens, que representam a nossa cena, aquela, onde havia o som, a ausência de luz, a companhia, a ansiedade, o frio e o calor, juntos, ao mesmo tempo; a fração de segundo que antecede o primeiro beijo.
O beijo, a mágica que nos uniu, agora sela nossa distância, o beijo que não tem razão, que não é sentido por cada célula de dois corpos que se tocam, que não se torna o oxigênio, que não tem o gosto do primeiro amor, que não traz a paz de ser completo, que não traz a insônia de ser apaixonado.
Paixão que não escreve cartas de madrugada pra aliviar a dor, a dor da saudade. Paixão que não nos deixa nus diante de todos, despidos de medo, despidos de qualquer moralidade, de qualquer preconceito, paixão que não dói, paixão que não nos traz lágrimas, paixão que não existe.
Ausência que não causa tremores de frio pelo corpo, ausência que não traz a dúvida, ausência que não traz raiva, ausência que não nos faz querer lutar para atravessar muros e rodovias, ausência que não é notada, ausência que não é sentida, ausência que não dói.
Palavras que não completam frases, lugares que não vão ser lembrados, pessoas que não são importantes, sentimentos que não curam as feridas de um coração machucado, momentos que são a estranha distração de uma alma a ser perdida.
Personagens que não existem, beijos que não foram dados, paixões que não foram despertadas, ausências que são só ilusão, palavras que não foram ditas, mentiras, fantasias, dor e lágrimas; ciúme patológico.

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