A espera se acaba.
Num piscar de olhos me sinto em queda livre; esperando o som, o baque, o pouso, a paz.
Baixo a guarda e aceito cada silêncio, cada hiato que o universo me proporciona, o agora.
Eu só quero sentir o vento, a chuva gelada, acalmando o calor da minha pele.
O calor do seu abraço, o calor do seu beijo, do seu corpo... sendo apagados calmamante da minha superfície.
Cada ilusão sendo silenciada com a sua ausência, com a sua indiferença, com o seu medo infantil.
O espaço entre nós não significa nada, mas as mentiras sendo repetidas sem parar me dizem tanto; me dizem que eu não posso acompanhar os seus passos, me mostram que a tua realidade e a minha verdade se contradizem o tempo todo.
Os teus olhos não me seguem mais, os teus lábios não buscam sem parar a minha boca, meu pescoço, meu cabelo, minha nuca... os teus segredos não me procuram à noite, o teu peso não me faz perder a fala, as tuas mãos não me protegem do meu destino; assim te deixo em paz.
Me cubro de cores e aromas, de sorrisos falsos e de abusos; desço a rua pelas mesmas rachaduras de sempre, sinto o frio da solidão e me esquivo sem pensar, me elevo, fujo, corro, pra longe de você; nem que seja só por hoje.
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